Alerta!

devia não 

mas, queria sim...

Tenho permanecido num ciclo de indigência emocional. Não é miséria, mas também não há fartura de oportunidade.É fato, há oferta. A verdade é que tenho me albergado, no tempo por tempos, vagabundeando pelo mundo sentimental. Vagante em outras vidas, a esmola que arrecado são novas histórias ou a simples possibilidade delas. Encontro sim benfeitores e deparo-me também com tiranos - e das santidades ou tormentos não os culpo, se me atingiram foi por que eu permiti. Sei bem dos meus pecados e das minhas badernas, não me eximo. Independente dos resultados, recompenso-me sempre em me oportunizar viver, testar, tentar e experimentar. Mas quando decido findar, com eminente destreza cesso, deixo ou me ausento, umas vezes mais outras menos sofridas. Foi-se tempo em que torturavam-me os pensamentos ou julgamentos alheios. Só zombarias, em nada alteram o que ocorreu, vivo ou acontecerá.

Reconheço que nem tudo é desapego. Vez ou outra, descambo nas ladeiras da paixão e de coração palpitante penso em renunciar ao ciclo, mas não tarda e aquele que seria mártir crucifixa-se em desastrosos atos de virilidade - para não mencionar o enfadonho machismo - e coloca tudo a perder.

Sou sim, em demasiado, laboriosa, mas permito-me (simples, sedenta, carente) em vivências no almejo de ajuste para que, quiçá, num tempo nos tempos futuros eu possa viver um novo amor. Por enquanto, fugindo das complexidades, fico nesta arruaça que o mundo me oferta. Sigo ouvinte dessas frases repetidas, dos desejos instantâneos e dos sentimentos fugazes. Sigo na sucessão de inícios, meios e fins. 

Há momentos em que não há subterfúgios, não há como evitar. Sofre-se! 

Há essa parte de mim que te deseja ensandecidamente. Há essa outra parte que bravamente busca debandar desses desatinos. Tenho vivido, pouco cá outro pouco lá. Até não dirimir se lá ou cá...sigo nesta peregrinação...

Pouco sabe você sobre os meus desejos, nem sequer imagina o quanto habita minhas imaginações. 

Certas vezes nem mesmo as melhores músicas são o suficiente para distrair os pensamentos que estão corrosivos.

Os sentimentos certos para as pessoas inadequadas ou os sentimentos inadequados para as pessoas certas.

Aquela simples mensagem que representava minha trégua, acabou fadada ao início de um embate. Agora travo briga ferrenha contra minha vontade de permanecer em estado amistoso. Quero conquistar muito mais do que essas facilidades...

Tenho a maldita sorte de estar no lugar errado na hora certa. 

Te consumi em boas doses, crente de que eras minha cura, sem preocupar-me com as contraindicações. Só depois percebi que eras dose, doce, de puro veneno. 

Quando já não procurava mais, no teu corpo encontrei sossego. 

Estar em paz em mim para assim ser sua! 

Trago em meus trajetos muitas coisas que foram feitas para acabar. Nem todas com a facilidade da feitura, nem tão instantâneas ou dissipantes quanto seu destino de findar. Algumas delas, mesmo feitas para acabar, ficaram na minha estrada, além do tempo prescrito para permanência.

Tenho a impressão de que, nos meus gostos, as cores já foram mais brandas, as palavras mais doces e ações mais baseadas em esperanças. Hoje são mais intensas, categóricas, críticas e intencionais. São mínimas as branduras. 

"A vantagem de viver no inferno é que sempre sabe-se muito bem com que diabos está defrontando-se. Afora isso, o espetáculo de hipocrisia é em demasiado torpe"

O problema todo é o descompasso no Bem Me Quer, Mal Me Quer. Quando para um Bem Me Quer para o outro  Mal Me Quer. E tudo segue assim, desarmoniosamente no seu ritmo. 

Tudo fica sob extremo controle até o dia em que você resolve "vomitar" todas aquelas palavras indigestas que serenamente "engoliu"! 

Às vezes, me sinto participando de um jogo do qual não faço a mínima ideia das regras. E não sou a única competidora. 

Percebo que para muitas coisas precocemente envelheci, para outras tantas, mesmo bastante amadurecida, saboreio em plena situação de proposital inexperiência. Certa? Errada? Sabe-se lá! E talvez, nem convenha saber ou ter certeza. Afinal, independente das conformidades tenho o hábito de fazer as coisas de acordo com as minhas vontades, ciente dos deleites e das amarguras, mas sempre fazendo.