Por muito, estive apagando fogos. Por isso, às vezes, tudo parece tão frio. 

Minha aspereza é resultado de um amontoado de mansas e boas intenções que foram soterradas pela ignorância de interesseiras pessoas desagradáveis que a vida me fez aturar. 

Na transparência da minhas dilatadas pupilas estava explícito todo alvoroço que você me causava. 

As penas da asas da minha liberdade não são necessariamente leves. 

Não recomendo que desperdice de teu tempo preocupando-se com a intensidade dos meus pecados. Só eu sei os demônios que posso enfrentar. 

Minhas liberdades fazem-me prisioneira da vastidão. Minhas amplitudes me afastam dos laços, mas nada disso poupa as dores dos escassos carinhos que as liberdades me furtam. 

Nunca deu certo, quando eu desisti. 

Algumas lembranças, mesmo corroídas pelo tempo, parecem estar acorrentadas na minha cabeça. 

Noite adentro, os pensamentos velejam quase que incensuráveis. Navegam sem muito roteiro, querem apenas dominar a consciência e desnortear a razão. 

Sobre os sentimentos, o segredo é manter muita coisa em segredo. 

Para não aparentar as fragilidades, alguns medos se disfarçam de coragem.

Sentia tanta saudade, mas por segurança era conveniente manter a distância.

Por estes dias nem alongue o olhar em minha direção. A vaidade tem permanecido dormente. Só quem desperta é uma garota manhosa carecida de afago.

A tua ausência trazia saudade, mas ficou tão comum que virou rotina. 

Agora me assusto com os pensamentos nos momentos de lucidez, parece loucura!