Desapontamento... de amigos nem tanto assim... 

"Nunca espere demais, da sorte ou dos outros, no fim não há quem não decepcione você."

(Charles Bukowski)

Há dias em que os pensamentos despertam totalmente inconformados com a sua situação e querem ensandecidamente ser voz. Querem bradar os dilemas, as vontades, querem ser escutados para deixar de ser pensamentos, desejam ser atitude, ato, fato. Nestes dias qualquer conversa pode ser perigosa demais. É preciso manter-se em silêncio, recluso. Afinal, há as mais puras vontades e dilemas que causariam perturbadoras convulsões ao receptor das palavras em sua extrema sinceridade. Dias intensos em que é necessário domar os pensamentos e não conceder a eles a palavra. 


  

Brinquei com a sorte. Apostei. Quando o jogo é de sedução sempre vale a pena comprometer algumas fichas. 

Talvez, por algum tempo ainda as lembranças tentem desestabilizar as novidades. No entanto, rendição não é do meu feitio. A distração é sempre muito eficaz. 

Não sei viver amenidades nos sentimentos. Alegrias ou tristezas são sempre intensas. Poupar-me, há muito eu sei, não é conveniente. Gosto das intensidades. 

Nos bruscos ataques que a vida determina aos sentimentos, não há distração nem fuga, sucumbe-se de dor. 

Nas entrelinhas do silêncio vociferam intermináveis discursos. 

No breu deste hoje o anúncio é inconsolável, imutável, imudável...dor de luto, lágrima de perda, inconformidade de fato, abatimento, fragilidade...

Nesta manhã traga-me um café forte para tragar com as reminiscências amargas que eu trouxe do anoitecer. É necessário digerir os sabores. Não tarda e hão de chegar tempos de doçura para saborear. 

Não venha me dizer sobre como devo me sentir hoje, falo sobre coisas que não sinto, sinto outras sobre as quais nem falo. 

O capítulo registrou-se assim: 
passado com vírgulas e também exclamações
presente de interrogações e reticências
futuro, não houve, foi pontuado
com ponto final para o passado, o presente, e o tempo encerrado.  

Há noites aparentemente brandas, mas efetivamente marcadas por verdadeiras tempestades de raios e trovões. O amanhecer é ensolarado, fase de reconstrução.  

Me esbaldo quando a vida pisca para mim, sem muitas formalidades,  sinalizando que está planejada a oportunidade, basta apenas eu desfrutar do momento. 

Não contamine-se ou encante-se tanto apenas com os discursos ou as palavras proferidas. Realmente reveladoras são as atitudes. Preste atenção! 

Quero dose multiplicada de beijos envolventes. Deixe os doces para o alvorecer. 

Ardilosos bandoleiros seguem por aí afanando corações. Desgraçados, nem lucro irão somar, mas deixam prejuízos irreparáveis.

Já tardam os conselhos para advertência. Fartei-me em travessuras. Agora padeço em perdição sonhando com novas inquietudes. Esses atrasados avisos de cautela agora devem ser abraços de acolhida para essas traquinices que me permitiu. 

Quando senti o peso do teu olhar, não suportei encarar tuas pretensões e disfarçadamente mudei o roteiro. Desajeitada e exultante parti em retirada.

Sempre superestimo a capacidade de meus adversários, para dedicar-me com mais aptidão ao embate. Com engenhosa tranquilidade construo meu trajeto de superação, não tenho o hábito de amargar agravos. 

Não desperte minha curiosidade. Tenho o hábito de não mantê-la por muito tempo ansiando meus dias. Trato de averiguar com muito esmero todos os rastros, até sanar minhas especulações. Preciso sempre, de explicação para tudo que circunda minha vida. E encontro as respostas de que preciso, muitas delas não justificam-se  e nem ao menos surpreendem-me, mas deixam de ser dúvidas e tornam-se fatos coerentes ou não. 

No jogo da vida se você não é curinga, é fácil opção de descarte. 

É a tal da intuição, sexto sentido, instinto, pressentimento, ou seja lá o que for... acontece e desassossega. 

Carrego a responsabilidade por todas as esperanças que alimentei, pois a vida sempre encarrega-se de sinalizar sobre o que devemos esperar de cada pessoa. Nós é que insistimos em fazer vistas grossas para os sinais. 

Já é hora de juntar essa porção de pequenos erros e transformá-los em um grande bom motivo para buscar nova possibilidade. Sei bem que basta de teimar contra os fatos. 

Pouco sabia-se sobre a minha insistente cota de insônia. Apenas que nada tinha haver com as palavras que baforava, estas eram somente libertação das ansiedades, calmante para a madrugada que logo findaria.

Gosto de noites salgadas que fazem o sono doce. 

Deixa-me em apuros quando avizinha tua pele da minha. Deixo de querer vizinhança e fico a ansiar para que achegue-se muito mais. 


  

Nosso tudo era tão pouco que eu nem me imaginava atrever-me em nostalgia. No entanto, afrontando-me a saudade vem e me provoca a querer-te ainda. E estes abalos saudosos de escassos momentos importunam minha condição de sereno afastamento. Instala-se a confusão. Querer arredar a saudade já é trazer-te novamente aos pensamentos. O dilema é que para esquecer, preciso pensar em você. 

Toda vez que te encontro tenho um medo enorme de me perder! Não que isso me abale, sou mais de aproveitar até os receios. Afinal, algumas vezes, perder-se é encontrar-se! 

Você já teve a sensação de que está insistentemente errando o alvo? Teimosia pura. 

Tenho uma coleção de escolhas difíceis que apresentei ao mundo com um sorriso doce e precisei engolir em amargas doses de resignação. Não é defeito nem ao menos qualidade, é só jeito de ser. Uns mais brandos, outros mais atrozes...

Já passei a fase de ouvir pedidos, e munida apenas da possibilidade de acontecer, mover mundos para realizá-los . Agora é tempo de receber propostas que me despertem a vontade de aproveitar a chance e fazer acontecer a oportunidade. 

Eu não sei viver nas entrelinhas, preciso de toda a intensidade das vivências. 

Fostes bastante convincente. Até me encantei por essa falsa história real, mas agora desce do palco, limpa essa maquiagem e mostra quem é você. Já dei por encerrada minha conduta de conformada testemunha ludibriada. Para mim já basta deste miserável espetáculo.  Fique com esses aplausos que esta maquiagem te proporciona, viva refugiando-se neste palco. Eu valorizo muito mais a autenticidade sem ostentação. 

Sussurrei no ardor dos nossos momentos o jeito certo de me conduzir à tranquilidade. 

Percorria a vida tão distraída com mil pensamentos e um dia desses tropecei na sorte e até praguejei. Hoje quando providenciei alguns momentos de quietude para os pensamentos e inspirei minutos de serenidade notei que um de meus tantos desejos havia se realizado, mas agora já é tarde demais e eu até havia injuriado a sorte.