"Não sou uma inconformada com as coisas do  cotidiano, mas sempre, que possível, prefiro testar quais são as possibilidades de tornar algo diferente" 
  

Entre um pôr-do-sol e o outro tanta coisa muda.
As afirmativas, dantes tão convictas, já soam como vacilo. A proximidade até ali tão desejada cede lugar para a cautela, transforma-se em cuidadoso distanciamento. Fatos e pessoas importantes tornam-se desinteressantes. E até ouso concluir que também os sentimentos, aqueles  apaixonantes e entusiasmados, podem facilmente amornar-se entre um pôr-do-sol e o outro. Acontece assim, com a mesma modéstia de que um dia tem que findar para o outro iniciar. 

(das percepções aquarianas das vivências) 

Soa o alerta de perigo e a ordem é para se afastar. Para qualquer outro, recuar seria automático, mas para mim esses sinais são chamariscos. Mesmo sabendo das grandes possibilidades de me machucar, aventuro-me. Melhor uma vida com cicatrizes de histórias vivenciadas, e até mesmo sofridas, do que vê-la passando de pele ilesa por não ter se permitido quebrar as regras uma vez ou outra. Não terei receio em responder por minha falta de inocência quando minha opção foi ser feliz.

Preciso disciplinar essa mania de encarnar o destino para, sem muita cautela, transformar os desejos em realidade. No último espetáculo, sem temeridade, protagonizei audácia demais. Saciei as expectativas, mas acanhei o personagem coadjuvante. 

Tão desejado naquele passado, de repente num futuro que agora é presente você depara-se com aquela oportunidade tão esperada. Mas transcorrido tanto tempo os desejos já foram renovados.

Dias de constatações amargas nos fazem valorizar qualquer mísero ato afável.

O curioso é que há pensamentos de lembranças tão remotas, mas, inacreditavelmente, tão intensos e ainda capazes de tornar escasso o ar e a respiração ofegante. Coisas boas da vida!

Tenho a nítida impressão de que essa liberdade por vezes me aprisiona.

Embora algumas relações não exijam afagos sociais determinadas pessoas, buscando manter uma aparência de virtuosos seres de infinita bondade, insistem em manter insuportável simpático contato. A face que esboça aparente alegria e o riso largo e fingido tentam ocultar o furor, mas os olhos esbugalhados  não conseguem disfarçar a raiva por ter de submeter-se ao convívio.

Na vida, em tempo de arrumações é preciso desengavetar tudo. Na totalidade as coisas boas e as ruins. E de preferência, guardar novamente só o que nos será de extrema utilidade. Quanto mais completa a organização mais espaço haverá para armazenar novas vivências. E nesses momentos que seja soberano o desapego!

Gosto muito dos momentos agridoces que temperam a vida! Para bem saborear, a medida ideal é não exagerar no azedume, nem na doçura!

Evitar ou desperdiçar oportunidades porque não está preparado? Bobagem! Na verdade nunca estamos devidamente preparados. E é justamente isso que torna as vivências, as ocasiões, os relacionamentos e as pessoas interessantes: a possibilidade de aventurar-se nelas. Gosto de experimentar. Cessar as possibilidades de me desafiar porque estou preparada é o que realmente me preocupa.

Se você não pode enfrentar minhas verdades como poderá fazer parte da minha vida? Frases prontas não servem para explicar meus sentimentos, receitas de outras vidas não se aplicam a minha.

Há dias em que os pensamentos despertam excessivamente barulhentos praticamente deturpando a razão em prol da realização. Despertam inquietos querendo deixar a condição de anseio para tornarem-se fatos, atos... Haja resistência para calar essas vontades gritantes, esses pensamentos insistentes e ensurdecedores que afobados e inconsequentes querem desafiar a razão e só querem emoção e abalo.   

Sigo esgueirando-me dessas situações duvidosas, estou disposta apenas as circunstâncias francas e de plena convicção.

Sempre haverá vontade, desejo, sonho... entretanto algumas vezes estão todos tão intensos e um só momento em busca de uma meta que acabamos titubeando.

Me encantei quando teu elogio não se rendera apenas a fragância do perfume que usava. Surpreendeu-me ao elogiar o cheiro da minha pele.